Seu produto é simples de usar?

Tornar simples é mais complexo do que parece.

Não foi falta de vontade.
Nem de investimento.

A startup havia contratado uma equipe de tecnologia de ponta, designers premiados e um time de marketing afiado. O produto? Uma plataforma para facilitar a rotina de pequenos comércios.

Na teoria, tudo estava perfeito. Na prática, os usuários desistiam no segundo clique. Não conseguiam encontrar as funções básicas, sentiam-se frustrados e culpavam a si mesmos.

Mas o problema nunca foi o usuário. Era o produto.

Essa história não é exceção. É recorrente. Afinal, a verdadeira inovação não está apenas em funcionalidades novas, mas em tornar a experiência simples, fluida e intuitiva.

Usabilidade não é um acessório: é peça central da experiência.


Se o usuário trava, a jornada está quebrada.

Muitas falhas de adesão acontecem porque os produtos não consideram o fluxo mental do usuário. Em outras palavras, o usuário não pensa como uma empresa. E quando se vê diante de uma interface que fala outra língua, desiste.

Mapear jornadas é mais do que desenhar fluxogramas. É entender contextos de uso, estados emocionais, barreiras cognitivas. Estamos numa era em que o emocional e o funcional se fundem. Ou seja, a jornada tem que ser coerente, mas também prazerosa.


Jornadas fragmentadas, experiências frustradas.

Um dos maiores erros no desenho de serviços digitais é tratar os pontos de contato como peças isoladas. Uma landing page criada por marketing, um aplicativo projetado por UX, um atendimento treinado por RH — cada um em seu silo. O resultado? O usuário se perde, a experiência se quebra.

Contudo, o comportamento atual dos usuários exige exatamente o oposto: presença e fluidez em múltiplos canais. Ele pode começar no Instagram, tirar dúvidas no WhatsApp, concluir uma ação no aplicativo e buscar suporte por e-mail — e espera que tudo isso funcione de maneira conectada e coerente.

Por isso, o desafio não é evitar a multiplicidade de canais, mas orquestrar essas interações em jornadas bem mapeadas e integradas. Como aponta o artigo da McKinsey Reinventing the digital customer experience, empresas que desenvolvem estratégias omnichannel com foco em consistência aumentam a receita de 5 a 15% e melhoram a eficiência operacional em até 7%. Isso ocorre porque uma jornada conectada reduz retrabalho, necessidade de suporte e taxas de abandono.

Criar jornadas eficazes, mesmo quando múltiplas, é um trabalho sistêmico. Exige a colaboração entre design, negócios e tecnologia — com o usuário no centro, não como ponto de chegada, mas como ponto de partida.


É comum ouvir que um bom produto é intuitivo. Mas “intuitivo” só é alcançado por meio de mapeamentos de necessidades reais, muito teste, revisão e escuta. Mesmo soluções desenhadas por especialistas têm falhas de compreensão que só emergem em testes com usuários reais.

Criar usabilidade é um trabalho investigativo. O designer se torna um tradutor entre sistemas e pessoas. Por isso, ferramentas como testes heurísticos de usabilidade, mapeamento de jornadas de usuário, facilitação de ideações, técnicas de ux research, e prototipagem rápida são essenciais. O que parece simples por fora carrega uma enorme complexidade por dentro. E isso é resultado de método.


De forma simples, poderia ser dito que algo ter uma boa usabilidade é ser algo fácil de usar, mas na prática vai além disso.

Oficialmente, segundo a ISO 9241–11 (1998):

Temos ainda Jakob Nielsen, que diz:

Nielsen possui suas conhecidas Heurísticas de Usabilidade, que guiam um dos tipos de avaliações de usabilidade mais conhecidos para identificar falhas e guiar a criação de bons UIs design, e fala de 5 atributos de qualidade que definem a usabilidade, são eles:

  • Aprendizagem: quão fácil é para os usuários realizarem tarefas básicas na primeira vez que encontram o design?
  • Eficiência: depois que os usuários aprendem o design, com que rapidez eles conseguem executar as tarefas?
  • Memorabilidade: quando os usuários retornam ao design após um período sem utilizá-lo, com que facilidade eles conseguem restabelecer a proficiência?
  • Erros: quantos erros os usuários cometem, quão graves são esses erros e com que facilidade eles podem se recuperar deles?
  • Satisfação: quão agradável é usar o design?


Para construir produtos ou serviços fáceis de usar, existem alguns caminhos. Primeiramente, como vimos, ter formas de buscar saber as reais necessidades do usuário e ainda assim estar alinhado com os objetivos do negócio. Existe uma gama considerável de métodos para se alcançar esta intenção: pesquisas em profundidade, entrevistas qualificadas, personas (ou protopersonas) bem definidas e que evoluam com o produto, jornadas de usuário bem mapeadas e descritas, criação de design de interfaces de usuário alinhadas a princípios e heurísticas de usabilidade, e em geral, uma equipe ou consultoria com fundamentos fortes em UX Research, garantem um desenvolvimento mais rápido e com menos necessidade de refação, o que significa em outras palavras, menos custo ao final do projeto.

Além disso, princípios simples de projeto, como ter claro as metas que seus usuários devem alcançar, o que devem fazer para atingir a meta, como costumam se sentir ao realizar as tarefas, e o que eles imaginam que deve acontecer ao realizar a tarefa ou utilizar o produto, facilitam e conduzem potencialmente as chances de sucesso do seu projeto.

Ao buscar inovar, muitas equipes acabam sobrecarregando o produto. São incluídas dezenas de funcionalidades sem perguntar: o que o usuário realmente precisa?

A solução mais eficaz muitas vezes não é a mais robusta, ou complexa, mas a mais focada, alinhada com as necessidades do usuário. Isso exige priorização, escuta ativa e clareza de proposta de valor.

A complexidade costuma estar nos problemas, nunca na experiência.


Quando a escuta ativa é incorporada desde o início, o resultado é mais alinhado e funcional.

Usabilidade responsiva é aquela que evolui com o uso. Que se adapta, que coleta dados reais e que trata feedback como ouro. É uma usabilidade viva. E isso exige um mindset iterativo e centrado em experiência.


Produtos que facilitam a vida são lembrados. Segundo a MIT Technology Review, empresas que colocam a necessidade do usuário e a sua experiência no centro têm maior retenção e engajamento.

Simplicidade reduz fricção, economiza tempo, diminui custos de suporte e aumenta a percepção de valor. É uma das formas mais tangíveis de gerar fidelização. No entanto, ainda é tratada como uma estética, e não como uma estratégia.

Simplicidade é um posicionamento. É escolher facilitar. E isso requer coragem e consistência.


Essa é a pergunta que mais importa. Se não é simples, está custando caro: em abandono, frustração e imagem.

Na Futura UX, ajudamos empresas a identificar fricções, redesenhar jornadas e traduzir complexidade em experiências simples. Unimos método, escuta e design para que seu produto fale a língua do usuário.

Porque simples não é pouco. É o que faz sentido. Vamos conversar?


Artigo: Norman Nielsen. Introdução a Usabilidade

Artigo: McKinsey & Company. (2023). Reinventing the digital customer experience


UX, Design estratégico e Inovação.

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