Os 4 Pilares da Arquitetura de Informação Segundo Rosenfeld & Morville.

Arquitetura de Informação (Segundo Rosenfeld & Morville)
Arquitetura de Informação,
por Rosenfeld & Morville

Imagine-se nos anos 90, navegando pela internet quando ela ainda engatinhava. Sites cheios de links soltos, páginas sem estrutura clara e uma verdadeira avalanche de informações desorganizadas. Foi nesse cenário que nasceu um livro essencial, carinhosamente apelidado de “o livro do urso polar” — Information Architecture for the World Wide Web, de Louis Rosenfeld e Peter Morville.

Essa obra, publicada pela primeira vez em 1998, pavimentou o caminho para o que viria a se tornar uma prática essencial no design de experiências digitais. Rosenfeld e Morville, ambos com formação em biblioteconomia, aplicaram princípios clássicos de organização do conhecimento à web — um território até então inóspito, repleto de informações mal organizadas e difíceis de navegar.

A importância do livro está na sua proposta simples e poderosa: tornar a informação acessível, compreensível e utilizável. Ao abordar temas como rotulagem, categorização, navegação e estrutura de informação, os autores ajudaram a moldar a maneira como projetamos experiências digitais até hoje. Sua influência se espalhou por universidades, empresas e equipes de design do mundo todo, tornando-se uma referência obrigatória para quem trabalha com UX, design de interfaces e estratégia de conteúdo.

Desde então, a arquitetura da informação (AI) se tornou a base para criar experiências digitais claras, intuitivas e orientadas ao usuário. Ela nos ajuda a organizar o conteúdo de maneira lógica, garantindo que as pessoas encontrem o que procuram sem frustração. Pense nela como o esqueleto de um edifício digital: invisível na maior parte do tempo, mas absolutamente essencial para sustentar e dar forma à experiência.

Organizar conteúdo não é apenas uma questão técnica. É uma decisão estratégica. Sem uma boa estrutura, o melhor conteúdo do mundo pode se perder em um mar de confusão. Um site bem projetado, com navegação fluida e conteúdos bem categorizados, cria confiança, melhora a retenção e facilita conversões. E isso vale para tudo: portais de notícia, e-commerces, sistemas internos, plataformas de serviços.

Quando falamos em melhorar a experiência das pessoas, não basta que elas encontrem a informação: é preciso que façam isso com facilidade e que a navegação flua naturalmente. A arquitetura da informação organiza o conteúdo para tornar a navegação intuitiva, antecipando comportamentos e necessidades do usuário.

Aqui entram práticas como:

  • Mapeamento de conteúdo: entender o que existe, o que falta e como tudo se conecta;
  • Definição de rotulagem e categorização: nomes claros e consistentes facilitam a localização de informações;
  • Planejamento de navegação: garantir que caminhos críticos sejam simples e acessíveis;
  • Criação de fluxos e estruturas hierárquicas: pensar a informação em camadas, com acesso rápido a conteúdos prioritários.

Essas práticas, tão difundidas hoje, foram organizadas de forma clara e didática por Rosenfeld e Morville, sendo uma base sólida para todos que trabalham com UX. A aplicação desses conceitos transforma caos em clareza — e essa clareza é o que fideliza, educa e engaja o usuário.

Algumas dicas para a aplicação desses componentes:

Como você agrupa as informações? Existem três abordagens clássicas:

  • Hierárquica (ex.: Categorias > Subcategorias > Itens).
  • Sequencial (passo a passo, como um checkout de e-commerce).
  • Matricial (filtros cruzados, como “ordenar por preço + cor”).

Exemplo prático: A Netflix usa hierarquia + matriz, permitindo navegar por gêneros (hierárquico) e filtrar por ano/classificação (matricial).

Um bom rótulo é como um farol: direciona sem confundir.

  • Consistência é crucial: Se você usa “Login” em um lugar, não troque para “Acessar” em outro.
  • Evite jargões: “Soluções Sinérgicas” → “Como Trabalhamos”.

Dica: Teste rótulos com 5-second tests (mostre o termo por 5 segundos e peça para o usuário descrever o que espera encontrar).

A navegação são como as “ruas” do seu produto digital, por onde o usuário transita para chegar até as informações, ela pode incluir Incluir:

  • Navegação global (menu principal).
  • Navegação local (submenus contextuais).
  • Navegação utilitária (links como “Contato” ou “Ajuda”).

Erro comum: Criar menus aninhados demais (ex.: “Produtos > Eletrônicos > Áudio > Fones > Sem Fio”).

Quando a navegação falha, a busca salva. Deve oferecer:

  • Sugestões inteligentes (com base em buscas populares).
  • Filtros relevantes (ex.: “Ordenar por: preço, relevância, avaliação”). 
  • Fallbacks úteis (se nada for encontrado, sugira alternativas).

Exemplo inspirador: O Spotify transforma buscas vazias em descobertas (ex.: “Não achamos ‘rock progressivo dos anos 80’, mas talvez você curta essas playlists”).

A arquitetura da informação não atua sozinha. Ela se entrelaça com conteúdo, design visual, desenvolvimento e estratégia de negócio. Quando bem planejada, ela permite escalar produtos, adaptar interfaces a novos públicos e evoluir serviços digitais com consistência.

Mais do que ordenar páginas, categorias e fluxos, a AI estrutura a experiência digital como um todo. E, como apontaram Rosenfeld e Morville, ela deve evoluir junto com os comportamentos das pessoas e com os objetivos da organização.

Para que serve: Descobrir como os usuários agrupam mentalmente as informações.
Ferramentas: OptimalSort, Miro, ou até cartões físicos.

Tipos:

  • Aberto: Participantes criam suas próprias categorias.
  • Fechado: organizam itens em categorias pré-definidas.

Para que serve: Validar se a hierarquia faz sentido antes de investir em design.
Como funciona: Usuários recebem uma tarefa (ex.: “Onde você clicaria para resetar sua senha?”) e navegam por uma estrutura textual (sem visual).
Ferramentas: Treejack, UserZoom.

Para que serve: Mapear os passos que usuários seguem para completar objetivos.
Exemplo: Em um app de delivery, identificar se “pedir um reembolso” exige muitos cliques desnecessários.

Antes de pensar em cores e botões, crie:

  • Mapas do site (para webs).
  • Fluxos de tela (para apps).
  • Regra de ouro: Se não faz sentido em preto e branco, não fará com cores.

Você já tentou usar um site governamental para emitir um documento? Ou um aplicativo de banco onde nada está onde deveria estar?

Isso é a arquitetura de informação dando errado. E as consequências são reais:

  • Frustração: As pessoas desistem rápido.
  • Custos mais altos: Mais gente ligando para o SAC perguntando coisas que deveriam ser óbvias.
  • Perda de credibilidade: Se nem algo simples funciona, por que confiar no resto?

A evolução da Arquitetura da Informação (AI) não se limitou à web. Com o avanço dos dispositivos móveis e a diversidade de plataformas digitais, surgiu a necessidade de uma abordagem mais abrangente: a AI Pervasiva. Essa abordagem visa manter a coerência e consistência da estrutura informacional em diferentes ambientes, sejam eles digitais ou físicos. Por exemplo, a Netflix oferece uma experiência integrada entre computador, smartphone e smart TV, permitindo que o usuário retome um filme exatamente de onde parou, independentemente do dispositivo utilizado. Da mesma forma, lojas físicas e online, como a Apple Store, utilizam elementos visuais e organizacionais semelhantes para facilitar a navegação do cliente em ambos os ambientes. Essa integração entre múltiplos canais e dispositivos é fundamental para proporcionar uma experiência fluida e intuitiva ao usuário, destacando a importância da AI Pervasiva no design contemporâneo

Com a ascensão de assistentes de voz, IA generativa e realidade aumentada, a forma como organizamos dados está evoluindo, ou seja, a arquitetura de informação não é só para dispositivos desktop.

Imagine pedir ao Alexa: “Me mostra tutoriais de yoga para iniciantes em vídeo” e ela não só listar opções, mas entender seu nível, preferências e até sugerir horários ideais. Tudo isso depende de uma AI bem estruturada por trás.

A publicação de Information Architecture for the World Wide Web foi um divisor de águas. Ela organizou um pensamento, estruturou uma prática e ajudou milhares de profissionais a transformar a internet num lugar mais útil e usável.

Hoje, a arquitetura da informação continua sendo um pilar essencial do design de experiência. Em um mundo onde o volume de informação só cresce, ela é a chave para criar experiências digitais relevantes, consistentes e centradas no que realmente importa: as pessoas.

Se você está buscando melhorar a clareza, a navegação e a performance digital do seu produto ou serviço, começar pela arquitetura da informação é um passo estratégico — e transformador.

Temos a Arquitetura de Informação como uma a base invisível que transforma dados em experiências intuitivas — e quando ela funciona, ninguém nota; quando falha, todo mundo sofre. Na Futura UX, ajudamos projetos a dominarem essa estrutura, combinando métodos testados (como card sorting e tree testing) com uma abordagem centrada no usuário. Quer evitar que seus clientes se percam em labirintos digitais? Vamos construir juntos uma AI que não só organiza, mas encanta. 

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